domingo, 22 de novembro de 2015

Porquê escritora?


Já quis ser arqueóloga. Era apaixonada pelos dinossauros. Desisti quando me disseram que era preciso saber de muita história e ciência.
Sempre tive queda para outro tipo de história. Aquela que nos faz imaginar, sonhar e sentir de forma diferente.
Por isso, rapidamente arrumei a arqueologia na gaveta e de lá tirei a escrita.
Vivo num país onde o apoio à cultura é demasiado reduzido. Em alguns casos chega mesmo a ser inexistente. Já lá vai o tempo em que escrever era uma arte grande. Hoje é corriqueiro e nem sequer se ousa chamar escritor aos profissionais da escrita. São autores ou cronistas ou ensaístas.
Eu cá digo, muito orgulhosa por sinal, que sou mesmo é escritora. Porque é isso que faço: escrever. E é também isso que quero continuar a fazer até que os meus dedos e imaginação dancem.
Confesso que me lembro de escrever para ninguém ler. Escrever para que eu conseguisse guardar as memórias. Escrever com medo que um dia me possa esquecer de tudo. É essa a razão principal pela qual escrevo: não me esquecer e guardar tudo para conseguir andar para trás. É a minha máquina do tempo.
Aos poucos, e depois de receber incentivos de amigos e familiares, as minhas palavras começaram a ser partilhadas publicamente. E com isto, aos 16 anos vi o meu primeiro boom na escrita. Na altura em que as redes sociais estavam muito aquém de ser o que são hoje. Fui convidada para respresentar a área de literatura numa feira de artes. Fui a única a conseguir vender tudo. Mais houvesse e mais venderia.
Serviu isso de impulso para que não mais parasse de divulgar o que faço com as palavras.
Tentei, por várias vezes, editar um livro. O primeiro. Por quase todas foi rejeitado e pelas restantes davam-me valores exorbitantes para a edição. É muito difícil assumir a escrita como profissão. É até quase impossível.
Felizmente, com o apoio de muitos, consegui lançar o meu primeiro livro a dia 7 de Dezembro de 2014, o Murmúrio Infinito. No dia mundial do teatro - 27 de Março - deste ano (2015) comecei a colaborar como cronista na plataforma Maria Capaz e com isto a minha vida tanto literária como pessoal não mais voltou a ser a mesma.
De modo a (tentar) centrar tudo no mesmo, convergindo para a escrita e mais uma vez depois de incentivo de amigos, nasce o presente blog. Missangas. Todos temos missangas com que vamos construindo as memórias.
Será este um blog feito de memórias também.
Escrever é viver e fazer viver. É imaginar e fazer sentir. É impulsionar as emoções. É liberdade. É vida, a minha vida.
E por isso, se me voltarem a perguntar porque razão escrevo, será tão simples a resposta...
Escrevo porque vivo.

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